segunda-feira, 16 de agosto de 2010

meio vazio




do FFFFOUND!.

autobus

Segurando a garganta embargada antes de o ônibus chegar, ela percebeu que nunca, em toda a sua vida, amar fora tão difícil. Tudo está tão complicado que na verdade era muito simples, pensou, olhando para ele com os olhos questionadores, tentando encontrar alguma resposta. Por que o ultimamente estava tão fora de lugar? Por que parece que queremos, dizemos que queremos, mas na verdade, quando chega a hora, percebemos que estamos bem sozinhos. Estaremos algum dia prontos? Não, ele disse. Não tente esperar esse dia chegar. Não pretenda tal coisa. Vai passar tudo e você não viu nada, ficou parada que nem besta esperando o grande-dia-de-quando-você-estaria-pronta. Faça me um favor e pare com essa paranoia. Pare de gastar com aquele divã idiota. E ela disse não me venha com essa de vou-pagar-a-conta-do-analista-pra-nunca-mais-saber-quem-eu-sou. Ele disse é isso mesmo, o maluco sabia das coisas. Ele disse eu te amo e se escondeu no ônibus, olhando a porta de vidro fechar e sem encará-la de frente. Não conseguir encará-la, mas dizer, era a forma de ele se proteger também. Cada um com os seus bloqueios, seus escudos. Suas portas transparentes. Mas talvez não fosse por mal, ela pensou. Se eu tenho dúvidas porque ele não as teria. Talvez fosse melhor não ter sido dito, já que não era tão certo. Certamente não era tão certo.