sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

running

Corre corre atrás do próprio rabo. Nada faz sentido e mesmo assim todos falamos falamos. Helena sentou-se por um momento no meio de todos aqueles alunos na sala de aula e pensou. Na verdade, queria parar de pensar na ausência de sentido e focar tão facilmente no trabalho ordenado pelo professor, como faziam seus colegas.

Olhava atenta para as roupas que todos usavam e não conseguia parar de perguntar “por quê?”. Como tinha conseguido viver tantos anos achando que falar, vestir roupas, era normal? Lembrou-se do artigo que tinha lido de manhã, de uma psicanalista que dizia que o amor romântico não existia, era uma criação. Então, pensou, o que nos restava se nem o amor é natural?

Pensou de novo no formulário do plano de saúde que tinha preenchido no trabalho. Eles queriam investigar os hábitos dos funcionários, talvez para saber se o preço era realmente justo e se não se tratavam de suicidas mas, sim, pessoas saudáveis. A última pergunta era "sua vida faz sentido?". Mas que diabo, ela preencheu "não", primeiro. Mas depois lembrou que a vida fazia sentido em si mesmo, o que, no final das contas não é muito, mas é algum sentido. Aí rasurou e preencheu o "sim". Ficou contente com a sua resposta: "sim e não".