sábado, 4 de outubro de 2008

Lenitivo - All that magic

Não via sentido em não sentir.
Angustiava-se pelos cantos procurando pedacinhos de dor.
Pedacinhos de pranto.
Quebrou o copo, estilhaços percorreram o quarto.
Quebrou o quarto, estilhaços percorreram o corpo.
Debruçada que estava sobre o parapeito, quase poderia ver.
Debruçada que estava, quase pensou em viver.

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Sentou-se acomodada com o dia quente.
Acercou-se do que parecia paz pós remédio para as Dores.
A sonolência boa, a anestesia que não era cegueira.
Via os carros passando devagar, como se fosse domingo.
As mulheres bonitas nas calçadas, os cafés e os bebês.
Engolia as imagens como se transbordasse vida.
Era tomada pelo prazer de existir. Agradecia.
A plenitude vinha por alguns segundos e se esvaia
Sem exigir atitudes ou recompensas.